Medvedev defende libertação do grupo punk "Pussy Riot"
"Parece-me que, neste caso, é contraprodutivo continuar a mantê-las na prisão. Seria suficiente uma pena suspensa tendo em conta o tempo que elas já passaram na prisão", declarou num encontro com militantes do Partido Rússia Unida.
Nos finais de fevereiro, cinco jovens mascaradas entraram no Templo de Cristo Redentor, o principal templo cristão ortodoxo de Moscovo, e realizaram uma oração a Nossa Senhora para "livrar a Rússia de Putin". Três delas foram detidas e condenadas a dois anos de prisão.
"Do ponto de vista emocional, eu ainda não falei disso. Sinceramente falando, e peço-vos desculpa pela expressão pouco parlamentar, provoca-me vómitos o que elas fizeram, o seu aspeto externo, a histeria que acompanhou tudo o que aconteceu", acrescentou o primeiro-ministro russo.
"A pena que já cumpriram, a longa passagem pela prisão são bem suficientes para que elas tenham repensado no que aconteceu na sua vida devido à sua tontice ou a outras razões", concluiu.
Contactado pela Lusa, Nikolai Polozov, um dos advogados de defesa das jovens, saudou as declarações de Medvedev, mas receia que tenham um efeito contrário ao desejado.
"As palavras de Medvedev sobre a libertação das jovens são positivas, pois permitiriam cumprir o nosso programa mínimo. Nós sempre dissemos que a permanência das jovens na prisão é ilegal e prejudicial para a imagem da Rússia", declarou por telefone.
"Mas receamos que elas tenham um efeito contrário. O primeiro-ministro declarou que a pena de prisão de dez anos para a ativista da oposição Taísa Ossipova foi demasiada. A acusação pediu a redução para quatro anos, mas o tribunal decidiu condená-la a oito anos", acrescentou.
Taísa Ossipova, ativista da oposição ao Kremlin, foi acusada de tráfico de droga e, inicialmente, condenada a dez anos de prisão. Durante uma onda de protestos contra essa sentença, que a oposição considerou tratar se de uma "condenação política", Medvedev defendeu que a pena era demasiada e pediu a revisão do caso.
A acusação pública pediu quatro anos de prisão para a jovem que disse ter sido condenada por motivos políticos, mas o tribunal decidiu condená-la a oito anos, não obstante algumas das testemunhas terem declarado que foram obrigadas a difamar pela polícia.
"Estou muito cético quanto às consequências das declarações do primeiro-ministro", concluiu o advogado.